sábado, agosto 06, 2005

“The Life Aquatic With Steve Zissou”, de Wes Anderson

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Após pequenas pérolas cinematográficas como “Bottle Rocket” (1996), “Rushmore” (1998) e especialmente “The Royal Tenenbaums” (2001), Wes Anderson apresenta-nos o seu projecto de maior orçamento: “The Life Aquatic With Steve Zissou”. Os três primeiros filmes primavam pela inteligência e pelo seu estilo único.
Steve Zissou (Bill Murray) é um aventureiro marinho cujas explorações documenta numa série de filmes. Juntamente com a ex-mulher Eleanor (Anjelica Huston) e seus fiéis companheiros, onde constam Klaus (Willem Dafoe), um piloto supostamente seu filho chamado Ned (Owen Wilson), e a repórter Jane (Cate Blanchett), Zissou organiza uma caça ao mítico tubarão que assassinou o seu malogrado colega.

Assim como em “The Royal Tenenbaums”, Anderson explora os assuntos relacionados com as falhas dos pais. Zissou é uma personagem melancólica, inerte e depressiva. Bill Murray é o caso raro de quem não sabe representar mal. Angelica Houston desempenha uma personagem enigmática, pois aparenta um curioso divertimento particular. Cate Blanchett num papel pouco digno do seu enorme talento prova os seus múltiplos alcances em termos de representação. Owen Wilson (que participou em todos os filmes de Wes Anderson como actor e nos 3 primeiros como argumentista) tem uma singela actuação afectiva. De referir ainda a carismática e sempre bem-vinda presença de Jeff Goldblum (interpretando o rival de Zissou, Alistair Hennessey), a divertida actuação de Willem Dafoe e a peculiar banda sonora que contém acústicas versões de músicas de David Bowie cantadas em… português.

Wes Anderson é um autor único. O seu estilo sui generis de fazer comédia manifesta uma inteligência invulgar e excepcional. Os seus filmes estão longe de ser digeridos por massas, mas acho que todos deveriam fitar e assimilar as suas obras. O ambiente dos seus filmes chega a ser de uma passividade atroz, desligamo-nos momentaneamente dos seus desígnios, mas talvez seja por estarmos tão pouco habituados a este género de construção cinematográfica. Não podemos etiquetar tão redutoramente os seus filmes de comédias, pois graças a um enternecimento subtil, adjuvado pelas suas singulares visões, as películas atingem uma maior profundidade. “The Life Aquatic With Steve Zissou” é uma agitada amálgama de traição, esquecimento, vingança, declínio profissional. É o primeiro filme que Anderson escreve com Noah Baumbach, ou seja, sem o seu parceiro Owen Wilson. O resultado é um filme desequilibrado, por vezes aparentando ser uma tentativa de um fã de Wes Anderson em imitar um filme do ídolo. Mesmo assim admiro e fui submerso pela originalidade que Wes Anderson expele (novamente) neste filme bizarro.

11 Comments:

Blogger Juom said...

Adoro Wes Anderson e tenho cá para mim The Royal Tenenbaums como um dos meus filmes favoritos de sempre. Assim, foi com enormes expectativas que fui ver the Life Aquatic e na altura não consegui esconder a minha desilusão. Estava à espera da melhor coisa desde o pão de forma e saiu-me um filme muito aquém das minhas expectativas. No entanto, meses passaram e eu continuo com algumas cenas do filme a passar na minha cabeça. Não estou plenamente convencido que alguma vez venha a considerar o filme uma obra-prima mas uma coisa é mais do que certa: preciso de o rever urgentemente.

11:56 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Também tinhas as minhas expectativas bem elevadas, mas este filme não supera "The Royal Tenenbaums".

12:52 da tarde  
Blogger Coutinho77 said...

Concordo com tudo o que disseste. Vale a pena um visionamento e vale a pena inclusivamente revê-lo mas que ficamos com um gostinho de saber a pouco tendo em conta o "The Royal Tenenbaums", lá isso ficamos.
Abraço!

2:47 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Abraço Coutinho!

3:06 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

É um filme interessante, a ver...mas nada de muito marcante. Já o analisei no meu blog há uns tempos.

Cumps. cinéfilos

8:23 da tarde  
Blogger Mussolini said...

Apesar de não ser nada de trancendente, achei este filme bastante divertido...

12:33 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

André: É bem razoável.

s0lo: Também já o havia analisado, mas na altura ainda não tinha blog... Hasta!

Pedro: Sem dúvida. Divirto-me imenso com este autor.

8:26 da manhã  
Blogger gonn1000 said...

Um realizador com um estilo único mas que ainda não fez nenhum filme que me conquistasse...

3:25 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Adorei "The Royal Tenenbaums".

3:43 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Foi um filme que gostei, vê-se bastante bem e as piadas são ao nível do género de Wes Anderson, que é um pouco invulgar, digamos... mas gostei mais de "The Royal Tenenbaums".

9:07 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

So did i.

11:44 da tarde  

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