domingo, setembro 04, 2005

“Closer”, de Mike Nichols

Class.:



“A bunch of sad strangers photographed beautifully” (Alice)
“Closer” é a adaptação da peça teatral de Patrick Marber de 1997, e toma lugar numa Londres sofisticada. É a história de dois casais, dilacerados por infidelidades. Dan (Jude Law) e Alice (Natalie Portman) conhecem-se nas ruas de Londres e apaixonam-se. Entretanto Dan, um escritor de obituários, fica obcecado por Anna (Julia Roberts), uma fotógrafa. Dan “apresenta” inadvertidamente Larry (Clive Owen) a Anna e os dois desenvolvem um relacionamento acabando por se casarem. No entanto existe uma química sexual entre Dan e Anna, e numa menor extensão entre Larry e Alice.

Os rituais, expectativas e taboos que regulam a vida emocional humana marcam presença nesta película. Por vezes de forma atroz, outras vezes de forma sarcasticamente engraçada e ainda outras tantas de forma vulgarmente apropriada. “Closer” é também um olhar provocador sobre o impacto da verdade e da mentira.
Apesar do elenco galáctico, apenas Clive Owen confere à sua personagem uma intensidade brutal. O “homem das cavernas” que vê o coração como um punho ensanguentado é retratado por Owen com uma tremenda ferocidade, com uma voltagem que arrepia e electrifica cada cena perpetuada. Owen remete para a penumbra os seus colegas de profissão e faculta o superior momento do filme.
Natalie Portman consegue escavar um pouco o âmago da sua personagem. O seu ponto (bem) alto é o momento no qual lágrimas lhe escorrem pelo rosto e reconhecemos imediatamente a perda da inocência de Alice. No entanto, na cena com Clive Owen no clube de strip, ela parece uma stripper-robot saída do filme “A.I.” de Spielberg. É como um autómato programado para protagonizar determinados movimentos.
Jude Law é demasiado ténue e ainda consegue ser mais convincente em “Alfie”. Julia Roberts (cuja personagem exibe aptidão para escanção sexual) continua a interpretar sempre da mesma maneira. À excepção de um ou outro filme, Roberts repete sistematicamente os seus gestos e semblantes standard, nunca assimilando ou distinguindo as personagens que interpreta.



O material é forte e mordaz. Num ponto de vista físico, o filme não é violento, mas num plano emocional é absolutamente brutal. A qualidade emocional que “Closer” procura apresentar é poderosa e perturbadora. Os filmes que tentam esquadrinhar a alma humana vendem pouco, mas são extremamente fascinantes. Nichols mostra de forma cruel mas verdadeira, o comportamento da maior fracção da Humanidade. O ser humano regrediu e não passa de uma alma pútrida que se alimenta física e emocionalmente de outrem. Actua como um vírus que suga tudo o que lhe convém e quando esgota os recursos que procura na sua vítima, parte despreocupadamente para outro ser. A palavra amor tornou-se banal. A palavra “amo-te” é proferida por incautas bocas, que na realidade apenas vivem frívolas paixões.

Apesar da bela montra criada por Nichols para exibir relações humanas, o filme torna-se superficial pois não verificamos o que a loja inclui. O filme ignora a complexidade das relações contemporâneas, manifestando apenas a superfície. “Closer” é um exame estéril de paixões, num argumento que dá enormes saltos e excessivos twists românticos que se tornam absurdos, parando para namoriscar um pouco aqui, ou salpicar um bocado com culpa acolá. Os elitistas que produziram esta pretensiosa pornografia acreditam que histórias como “Closer” nos ensinam acerca da nossa natureza. O que apreendemos é que os “artistas” adelgaçam a visão do nosso comportamento, pois Nichols e Marber traçam um simples e doloroso plano de batalha para uma guerra de sexos.

Os autores enfatizam como o homem e a mulher se usam mutuamente como simples objectos sexuais. A utilização da palavra “F” para gerar uma reacção, funciona claramente como o derradeiro refúgio para um escritor cuja imaginação tremelica. As personagens nunca emergem acima da sua libido. Admito que tais personagens sejam facilmente aceites na atmosfera teatral, onde o movimento arbitrário de tais figuras vazias possa ter um contributo aceitável, mas num patamar cinematográfico tais indivíduos são ocos e falsos funcionando como impostura. Será que Nichols e Marber desenham personagens demasiado cínicas? Talvez. Será que elas aparentam ocasionalmente serem meras marionetas manipuladas por um escritor inteligente? Sim, sem dúvida.
Em “Scener ur ett äktenskap” de Ingmar Bergman e “Husbands and Wives” de Woody Allen obtemos um retrato mais honesto e versado das relações urbanas.

“Closer” é portador de uma representação soberba (Clive Owen), a fotografia capta maravilhosamente as emoções expressas nos rostos das personagens e o facto do filme fugir do convencionalismo cor-de-rosa dos filmes românticos de Hollywood é de salutar.
Mas quando analisado cena a cena, os resultados de “Closer” não suportam o seu enorme potencial. Passado algum tempo de projecção, cada cena torna-se a mesma cena. A sofisticada realização de Nichols, o argumento picante de Marber e a presença de um elenco sonante produzem apenas uma vaga imitação do comportamento humano. É um filme que detesta as suas próprias personagens e não lhes encontra estima, dignidade, generosidade de espírito ou esperança de redenção num mundo de relações conjugais fatais.

Admito que o filme irá tocar as pessoas consoante o seu estado emocional e afectivo, mas não é gerada uma empatia por qualquer uma das quatro figuras e o filme acaba frio como o gelo. A interacção é amarga e cínica. Se trocássemos a identidade das personagens, quase ninguém dava pela diferença. Dan até podia ser o fotógrafo, Anna a stripper e até Alice poderia ser a dermatologista (aliás a pele de Portman até é perfeitinha e tal…). Existe imensa pornografia na linguagem e nem um flash de magia romântica. Até o momento em que Jude Law conhece Natalie Portman parece o reclame publicitário de um perfume. O sexo é usado como uma ferramenta nas lutas de poder e apesar da palavra “amor” ser mencionada algumas vezes, a sua colocação neste filme é forçada, pois as efémeras emoções não adquirem a harmonia ou transcendência do “Amor”.
A dada altura ouvi ou li: «quem não gostar deste filme, então não é humano». Se ser humano representa identificar-me com estas personagens cruéis e frias, que utilizam o próximo como mero objecto sexual para saciar a sua efervescente libido, então eu não sou e recuso-me a ser humano, ficando bem longe desta definição abjecta.

37 Comments:

Blogger Francisco Mendes said...

A maioria admira este filme... e até os compreendo.
Vai lá ver o filme!

4:55 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

André, não cometas esse crime/pecado! Closer é um dos melhores, se não o melhor filme de 2005!
Francisco, eu achei o filme extremamente realista e bem filmado, mas enfim...é a tua opinião e como tal respeito-a :).

Cumps. cinéfilos

5:55 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eu cá adoro o filme e tenho-o como um dos melhores do ano. Um regresso em peso à realização de Nichols depois do magnífico "Angels in America". Acho que as emoções estão bem presentes e explícitas, mas isto é a minha opinião. Não concordo quando dizes que a sequência inicial se assemelha a um anúncio a um perfume... enfim, opiniões.
Abraço!

7:23 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

s0lo: Obrigado por respeitá-la! :) Cumps.

migueL: Li muita coisa boa sobre este filme (e respeito-a, como disse na crítica), mas a sensibilidade cinematográfica é extremamente ténue. As personagens não criam qualquer empatia com o espectador e a frieza excrucia. Isto para mim, não é cinema. Há que haver distinção entre Cinema, Teatro e TV. Adorei a fotografia e a tentativa de fundir teatro com Cinema, mas falta-lhe imensa sensibilidade cinematográfica. Opiniões... Abraço!

8:16 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Exactamente, são opiniões. Eu cá identifico-me muito com as personagens, e acho que a única relação que o filme tem com o teatro são os saltos temporais delineados apenas pelos diálogos das personagens, porque de resto, acho que aquilo é cinema, mais do que isso, é uma realidade. De qualquer maneira, respeito a tua opinião como a de quem dá cotação máxima ao filme. Afinal, se a divergência de opiniões não existisse escrever em blogs não compensava.
Abraço!

8:53 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Absolutamente. A contemplação da Arte é individual e se todos opinássemos de igual forma, ficava tudo muito monótono e cessaria a evolução.
O importante é que qualquer crítica seja feita de forma construtiva e eu tratei de realçar bem o quanto este filme pode tocar as pessoas (consoante o seu estado de espírito), e justifiquei as minhas opiniões. O filme é de facto muito real, como escrevi e explanei. No entanto, o filme do Bergman e o do Woddy Allen são muito mais completos e abrangentes, escavando bem mais fundo com uma sensibilidade cinematográfica avassaladora.

Mas não liguem, vejo que sou o único que não aprecia este filme. Enfim...

Grande Abraço, grande migueL!

11:09 da tarde  
Blogger Coutinho77 said...

Hummm... francisco, desta vez não concordo contigo. Acho que este filme é de uma leveza e simplicidade que lembra os filmes de allen e que faz recuar no tempo até à altura do "the graduate" do mesmo nichols.
Acho que tanto allen como nichols são mestres na orquestração de relações.
Abraço!

12:12 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

coutinho, respeito imenso a tua opinião, mas por favor não mistures Allen e "The Graduate" com... isto. As relações neste filme reduzem o humano a simples objecto sexual. Não é isto que fazem os filmes pornográficos?

Além disso detestei o facto de Nichols ter sido tão provocador a nível argumental e a nível visual não ter correspondido. E não... não foi tudo em favor da Arte... foi em favor de uma actriz que aceita o papel de stripper e não permite que exibam as suas maminhas. Nada me interessam as maminhas da Portman ou da Roberts, mas a cobardia de Nichols é evidente. Depois chamam-lhe arte... numa cena em que Portman poderia ter sido substituida por uma qualquer personagem computorizada. Existem actores com um enorme poder... é um facto.

Eu compreendo 99,999% da população nacional que venera este filme e não os critíco ou condeno. Mas pessoalmente, já retirei do congelador cubos de gelo menos frios que este filme.

Um Abraço!

8:21 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

A minha atitude para com este filme é a mesma do escritor e do realizador para com as suas personagens: desprezo.

Mas percebo o fascínio que ele provoca.

11:55 da manhã  
Blogger Pedro Serra said...

Bem... O filme deixou-me meio dividido. É óbvio que a qualidade da realização, fotografia, montagem e interpretação é fantástica e a obra merece ser incluída entre os melhores filmes estreados este ano em Portugal. No entanto, as personagens chegam a tornar-se irritantes e, apesar do talento de Nichols, parece haver ali mais teatro que cinema.

8:42 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Teatro misturado com reclames publicitários e séries de TV...
Para mim não estará entre os melhores do ano, relativamente ao Cinema.

8:06 da manhã  
Blogger David Santos said...

um dos melhores filmes do ano 8/10
um verdadeiro murro no estomago

12:12 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Um dos filmes mais sobrevalorizados de sempre... um belo cubo de gelo para tratar hematomas.

1:53 da tarde  
Blogger David Santos said...

xi...:(
não vou entrar por ai...
gostei mto foi só o que quiz dizer

2:28 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

LOL
E eu só quis dizer que o detestei muito.

Nunca ataquei quem o idolatra, aliás a certa altura ouvi duas opiniões que divergiam acerca do filme: uma pessoa disse que «quem não gostasse do filme não era humano» e a outra disse que «este era um filme que seria amado por quem julga que sabe o que é um bom filme, mas não percebe nada de Cinema».

Nunca me colocarei ao lado dessas pessoas, pois a Arte é contemplada individualmente e nunca será um crítico a ditar o valor de um filme. Da mesma forma que este filme apaixonou muitos, também deverá ter provocado desprezo a alguns. Eu sou um dos que o despreza e justifiquei-me devidamente.

2:58 da tarde  
Blogger Juom said...

Também sou dos que adoraram o filme, mas compreendo perfeitamente as razões para teres pensado o contrário. Não se pode dizer que as personagens sejam particularmente agradáveis ou de fácil identificação por parte do espectador. Mas é poderoso e sincero, recheado de interpretações fabulosas e grandes momentos de cinema. Mas tudo isto é subjectivo e o teu comentário não deixou de ser, ainda assim, bastante pertinente :-)

Um abraço.

12:54 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Acima de tudo, há que justificar de forma construtiva o que sustentámos.

Abraço!

1:58 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Finalmente uma crítica negativa a este filme!

Parabéns pela crítica, os meus pensamentos no fim deste filme foram exactamente estes: (e a transcrição é propositada)
"A dada altura ouvi ou li: «quem não gostar deste filme, então não é humano». Se ser humano representa identificar-me com estas personagens cruéis e frias, que utilizam o próximo como mero objecto sexual para saciar a sua efervescente libido, então eu não sou e recuso-me a ser humano, ficando bem longe desta definição abjecta.

É, de facto, um filme sobrevalorizado...

3:42 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Finalmente alguém que partilha da minha opinião! É um filme extremamente sobrevalorizado!

4:23 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Pessoalmente, Portman não convenceu, mas Owen esteve muito bem.
Abraço!

7:31 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

eu gostei, bastante. este filme era cruel e talvez mostrasse a sociedade moderna de uma forma mordaz. ainda não sei se esta representação corresponde à realidade, mas acredito que, em alguns casos, corresponde mesmo.
mas sei que ainda estou crua a nivel cinematografico para me poder estender numa análise profunda e bem estruturada. o que sei vai dando para enganar alguns incautos mas aqui... prefiro estar calada e ir ouvindo os outros :)

5:34 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

A contemplação da Arte é individual. Pessoalmente, considero este filme tudo menos Cinema. Sim, reflecte parte da sociedade contemporânea, mas é de uma simplicidade atroz. Diminuir o ser humano a simples objecto sexual é revoltante.

Obrigado pela visita, Benvinda!

7:54 da tarde  
Blogger JHB said...

Admito que o filme não é perfeito e admito que as crítica que lhe fazes possam ser justas, mas a verdade é que quando o estou a ver, envolve-me a tal nível e aquece-me tanto a alma que se torna para mim impossível não gostar dele. Acontece o mesmo com qualquer um dos meus filmes preferidos, consigo sempre encontrar uma ou outra imperefeição, mas sabem-me sempre tão bem. É a vantagem que os leigos tem ao ver cinema, estão a ver apenas um filme e nada mais.

7:51 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

É um excelente retrato da vida real, mas torna-se frio sobre o meu ponto de vista (algo etéreo, se desjares). Mas é este o maravilhoso impacto da Arte: provocar respostas díspares, mas igualmente válidas.

9:16 da manhã  
Blogger Cataclismo Cerebral said...

Parabéns pela forma como constróis as tuas críticas, são mesmo muito boas. Relativamente ao Closer, tenho de admitir que adoro este filme. Tem uma temática tão simples e no entanto tão contemporânea e marcada. Considero-o mais um filme sobre o poder, quem consegue manipular quem nas relações que deveriam, supostamente, ser sinceras e desprovidas deste tipo de "jogo". A influência da peça teatral de Marber está toda aqui, não só no número de personagens, mas, acima de tudo, no poder da palavra (que assume neste filme uma dimensão brutal e pouco vista ultimamente). Quanto ao elenco, considero que estão todos em estado de graça: Natalie e Clive realmente transcendem-se; Julia Roberts (infelizmente uma das mais subvalorizadas actrizes de Hollywood, sem oportunidades para provar o que vale fora das comédias românticas) aposta na subtileza de um jogo dramático, começando como uma mulher independente para, ao longo do filme, passar para o lado oposto, o da submissão (a cena final em que ela aconchega Clive na cama diz tudo); Jude, por sua vez, personifica muito bem alguém extremamente inconstante nas suas relações e facilmente mnipulável por isso mesmo. Por fim, parabéns ao Mike Nichols, que conseguiu superar o desaire do filme "De que planeta és tu?" com o "Angels in America" e este excelente closer.


Abraço e continua

3:11 da tarde  
Blogger Cataclismo Cerebral said...

Adoro também o facto de o início do filme representar a entrada da Natalie naquele mundo sórdido e, sendo ela uma stripper, ser a única dos quatro que ainda apresenta quaisquer resquícios de valores morais. No fim, consegue sair daqueles jogos perversos e continuar o seu caminho. Por seu lado, a personagem de Clive (cuja profissão de médico está associada à imagem de integridade e respeito) é o mais manipulativo, arrogante e detestável de todos.
Pronto, prometo que não aborreço mais com este filme :P

4:48 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

É um filme que não me tocou como a muito boa gente... infelizmente...

Abraço!

11:16 da manhã  
Blogger Mari said...

"Se ser humano representa identificar-me com estas personagens cruéis e frias, que utilizam o próximo como mero objecto sexual para saciar a sua efervescente libido, então eu não sou e recuso-me a ser humano, ficando bem longe desta definição abjecta."

Perfeito Francisco, perfeito.
Nada mais tenho a acrescentar. :D

Mas talvez possa imaginar porque algumas pessoas gostaram...
É um filme brutal, mais que o normal, e talvez isso atraia atenção já que somos inundados com filmes "cortados" e "censurados". Não sei...

Adoro o Clive e acho que ele é consistentemente bom. Julia já foi melhor. Adoro a Natalie, mas com certeza ela precisa “crescer” ainda um pouco! Quanto ao Jude, ele simplesmente me enoja. Não dá!

3:21 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Do elenco, o único que admiro é Clive Owen.

9:46 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Vi o filme e não desgostei assim tanto Francisco. Uma amiga minha então adora o filme, Mas não se consegue gostar de tudo não é verdade....

11:17 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Ora lá está... não se consegue gostar de tudo.

1:03 da tarde  
Blogger Nana said...

Meu caro, adorei esse seu post.

Incrível como você extraiu toda a essência do que o filme representa para mim.

Parabéns!

Estou admirada!

9:09 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Obrigado!

9:07 da manhã  
Blogger Klakluk said...

Achei o comentário muito bem escrito. O filme talvez não seja, de facto, sobre o amor, mas mais apenas sobre o prazer da seducção. Pode até atingir uma certa sofisticação na área, mas realmente não devemos confundir charme, luxúria, e aquela aparente preocupação com a fidelidade (pelo menos é sempre o seu desrespeito que quebra as relações entre as personagens) com o Amor. Que envolve o espírito, envolve, mas trata-se de sedução. Acho que os próprios personagens enganam-se ao pronunciar palavras derivadas de amor, que este não é propriamente o lugar delas. Falta efectivamente muito calor humano para promovermos os sentimentos e relações do filme a coisas do amor; o amor é certamente mais complexo que essa "superfície" de que falaste; o amor envolve um verdadeiro esforço de construcção duplo: o esforço de construcção da relação, que passa pelo esforço de construcção de uma verdadeira personalidade, em que devem constar como disseste qualidades como as da tolerância, e seriedade (neste filme, é sempre depois de vários meses de convivência que as personagens pensam um bocado e dizem "não, não te amo", o que nos faz perceber que só se ligaram por causa de um ou outro momento de fascínio carnal).
Gostei mesmo de ler o comentário para pôr estas ideias em dia. É que saí do filme com uma sensação estranha, de ter gostado daqueles diálogos todos, e da beleza dos actores e assim, mas também sentia uma frustração qualquer nas relações destes personagens, que não tinha nada a ver com o fim do filme, ou seja a descoberta da morte de Alice por ex. Não, era mesmo sobre a base dessas relações "amorosas".

2:17 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Brilhante comentário!

11:28 da manhã  
Blogger Nutricuidado said...

Qual a necessidade de ir sempre na contramão? O filme é maravilhoso, rico, intenso, perfeito, mas parece que "cult" é sempre colocar pra baixo, achar (onde não tem) falhas, defeitos. Faça-me o favor. Se não gostou desse filme talvez não tenha a intensidade para percebê-lo. Mas ok. É a sua opinião. Um reflexo de si mesmo.

2:07 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Um filme almeja cada ser de forma distinta. Desengane-se quem julgar que um filme (seja ele qual for) não tem falhas, pois são justamente essas brechas que preenchemos com os nossos sentimentos para catapultar um filme à imortalidade. Onde você encontra intensidade, eu deparo-me com frieza.

Mas lá está... é como diz: «É a sua opinião. Um reflexo de si mesmo». Não idolatro o mundo de traições egocêntricas e chocantes afastamentos sentimentais que você encontra reflectido neste filme. Minha experiência e desejo encaminham-me para algo, por ventura, demasiado etéreo para si. A Intensidade, a Beleza e a Perfeição não são avistadas por mim no poder fotogénico de um humano afectuosamente decadente... mas na Concretização da Promessa Transcendental que o verdadeiro AMOR proporciona.

3:50 da tarde  

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