domingo, outubro 23, 2005

"Last Days", de Gus Van Sant

Class:

Audiovisual Transcendental

Last Days” lida com temas abstractos e metafísicos, encerrando a Trilogia da Morte de Gus Van Sant, iniciada com “Gerry” e secundada por “Elephant”. Em “Gerry”, a morte é acidental, causada pela despreocupação. Dois amigos deambulam pelo deserto, perdem-se e nunca mais são encontrados. Em “Elephant”, a morte é apresentada como um assassínio deliberado, mas sem significado. Dois amigos elaboram um plano para matar estudantes e professores da sua escola e acabam igualmente aniquilados. Agora em “Last Days”, a morte imerge uma personagem cujo frágil ego é incapaz de se identificar com os cânones da existência.

Na sociedade contemporânea, a morte de uma personalidade famosa é alvo de uma intensa análise especializada, onde são decifrados motivos, causas, origens e disposições com uma tremenda facilidade. Van Sant foge aos alarmantes arquétipos e perpetua um longo estudo silencioso. Vários livros e documentários foram apresentados, mas nenhum atinge o artístico e sonhador “Last Days”, uma meditação existencial sobre Kurt Cobain.

A sua cadência glaciar irá ser abominada pela audiência comum. Consigo contar pelos dedos da mão, os espectadores que irão reverenciar a qualidade hipnótica e poética desta viagem fascinante à torturada psique de um indivíduo. “Last Days” apodera-se do ícone de Kurt Cobain num filme sobre solidão, desespero, alienação, depressão e futilidade. A aproximação oblíqua e elíptica de Van Sant, bem como o ritmo lento, irão desesperar um número copioso de espectadores convencionais. Mas o que significa realmente movimento? Será algo que apenas conseguimos constatar através dos saltos, das mudanças abruptas de ângulos, numa frenética edição com mais cortes que a face de Eduardo Mãos-de-Tesoura? Van Sant tem uma visão mística da vida e expõe o quotidiano de um ser humano, no qual o mais subtil acto representa uma iniciação ritual. As actividades de Blake representam de certa forma as nossas acções quotidianas, enquanto nos encaminhamos para o inexorável fim.

A manipulação do audiovisual por Van Sant é fenomenal. Os planos meticulosos, a ambígua e bela edição, o som intrincado e o imaginário religioso adornam esta Obra-Prima. A fusão de realismo com sentimentos e fantasia é distinguida pelo engenho de Van Sant no tratamento da imagem, onde é auxiliado pelo belo trabalho fotográfico de Harris Savides. O estilo visual evoca o extremismo de alguns realizadores europeus e asiáticos, incluindo o húngaro Béla Tarr (admitida fonte de inspiração para Gus Van Sant, responsável por “Sátántangó” e “Kárhozat”, por exemplo), o grego Theo Angelopoulos e o asiático Hou Hsiao-hsien. O filme também evoca “Dead Man” de Jim Jarmusch, cujo enigmático herói se chamava William Blake.

A música derrama raiva, desespero, sofrimento e sede de morte. A enraivecida primeira música, “That Day”, acompanha um ténue movimento de câmara e reflexos de folhas açoitadas pelo vento que lhe incutem uma portentosa energia subsónica. Enquanto a segunda, “Death to Birth”, guarnece um dos momentos mais plangentes do filme. Blake senta-se e expira uma poderosa e moribunda canção, descobrindo pavorosamente que nem a sua música consegue provocar um impacto na sua essência.

A iconologia religiosa encontra-se cuidadosamente dispersa, desde um simbólico baptismo inicial, ao vulto de Blake que ostenta aquela imagem propalada de Cristo, passando pela aparição de dois Mormons e uma peculiar ascensão que também evoca um marco na história do Rock: “Stairway to Heaven”, dos Led Zeppelin.

Blake vagueia numa espécie de purgatório particular. Assistimos ao crepúsculo da sua alma, enquanto a escuridão assola lentamente o seu âmago. Seres flutuam como fantasmas, entrando e saindo da sua casa, completamente ignorados por Blake. Ele evita todos, desvanecendo paulatinamente deste mundo, sugado pelo seu vórtice interior. Van Sant adopta uma clínica observação distante dos eventos, permitindo que a audiência desemaranhe individualmente o nó que ata o mistério da personalidade humana, respectivas motivações e simbologia enigmática. Que se encontrará na caixa que Blake desenterra? Drogas, balas? Qual o significado do nome Blake? Sendo uma clara alusão ao poeta William Blake do século 18, cuja esposa proferiu: «A companhia de Mr. Blake é quase nula. Ele encontra-se sempre no Paraíso».

Um dos temas que o filme aborda é o isolamento e assim como ninguém se consegue aproximar de Blake no filme, também nós o observamos de longe. Van Sant e Savides isolam Blake, filmando-o distanciadamente com mestria e permitindo cogitações individuais na audiência. Os comentários da estrela rock são vagos murmúrios e um dos poucos perceptíveis funciona como um autêntico mantra: “I lost something on my way to wherever I am today”. O enviesado sentido de interior e exterior, fomenta a concepção de um autêntico limbo.

Last Days” não expõe como nem porque morreu Cobain, mas incita a reflexão sobre como a morte poderá estar associada a uma época onde a espiritualidade almeja cinicamente multidões. A sociedade amamentou jovens que não vivem satisfeitos com a sua existência. Por múltiplos e diversos seres que os circundem, a solidão é uma condição inquebrantável. Nada consegue dissipar o espesso nevoeiro gerado pelo profundo tormento interior. São adolescentes que pelo menos uma vez na vida, ambicionam desaparecer e apesar da morte física não surgir, algo perece no âmago do indivíduo. Jovens que se prostram no leito dos seus quartos, ensopados numa brutal depressão, ansiando pelo derradeiro beijo da morte.

Last Days” captura imaculadamente a facilidade do tombo num trágico abismo de depressão, solidão, desespero e abuso de drogas, no qual malogradas almas jazem. Entretanto, o Sol ainda desponta no horizonte, a brisa ainda afaga a folhagem das árvores, os pássaros celebram uma nova alvorada chilreando e a vida continua. Gus Van Sant alcançou um sublime Nirvana.

28 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Foi a primeira grande crítica (e ainda por cima bastante positiva) que li sobre este filme! Já pensava colocar de parte este filme mas agora fiquei curioso. Van Sant não faz filmes nada acessíveis. Já o Elephant, o qual adorei, foi a prova disso!
Belo comentário Francisco, surpreendes-me :)

Um abraço!

1:45 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

migueL: É um filme que foge admiravelmente a convencionalismos. Existem cenas que ainda perduram no meu pensamento... de uma força devastadora.
Abraço!

André Carita: É um filme que será idolatrado por muito poucos... poucos encaixarão o seu significado e propósito. Pessoalmente, tornou-se um instantãneo objecto de culto e estudo. A narrativa elíptica gerou um envolvente ambiente de limbo.
Abraço!

1:59 da tarde  
Blogger Coutinho77 said...

Não posso perder este. e vai ser tão dificil ir ao cinema esta semana... ai ai...
Abraço!

3:18 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Excelente análise! Tenho mesmo que ver isto :)!

Cumps. cinéfilos

3:28 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eu achei genial "Elephant", mas não sei porquê, este filme não me atrai, mas acho que a tua crítica (e classificação) me convenceu :P Vamos lá ver (o filme) e depois digo alguma coisa. See ya!

5:57 da tarde  
Blogger Pedro Sargento said...

Esta é a primeira crítica positiva que leio acerca de este filme. "Gerry" é um filme pesadíssimo, apesar de todo o "espaço" (possivelmente por causa disso mesmo). Elephant não vi, e este vou ver em breve. óptima critica!

8:36 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Coutinho: Dá-lhe uma espreitadela, mas não é um filme para agradar a todos... longe disso.
Abraço!

s0lo: Que posso dizer?... tocou-me imenso! A genialidade de Van Sant é profunda!
Abraço!

André Batista: Obrigado e aguardarei a tua opinião. ;)

Pedro Sargento: Obrigado! Também tens de ver "Elephant"... é brutalmente poético!

8:55 da tarde  
Blogger Spaceboy said...

Este filme tem suscitado opiniões muito contrárias, ainda não o vi, mas como grande admirador do Gus Van Sant tenho esperança que este seja mais um grande filme!

9:31 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Se admiras Van Sant, então certamente irás gostar do filme.

12:55 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Pois é eu não sou um admirador de Van Sant.
Sou mesmo um céptico...

Tenho visto alguns filmes dele e sinceramente não aprecio.
E não me venham dizer que é preciso ver muito cinema para apreciar um filme assim porque não é verdade.

O uníco filme que vi e não desgostei foi o Elephant...

A tua crítica é excelente, és verdadeiramente talentoso a escrever mas não me convences.
Acho que é mais uma xaropada secante de um realizador que está convencido que é o melhor do mundo.
Mas garanto que não é...

Ps: Ele fez um remake de "Psico" de Hitchcock. BLASFÉMIA...E mais não digo

10:51 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Pedro Ginja: Em relação a "Psycho" estou de acordo e quando analiso um filme, não procuro convencer absolutamente ninguém!
Estás no teu inteiro direito em desgostar de Van Sant e limito-me a respeitar a tua e todas as opiniões... desde que construtivas.

Tal como referi na crítica... conto pelos dedos das mãos o número de pessoas que assimilarão, compreenderão e reverenciarão esta Obra-Prima!

1:04 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Com certeza que podes relacionar com o título... é uma das muitas simbologias derramadas pelo filme.

Obrigado!

7:27 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Só uma provocação...
Mas no bom sentido...

Francisco Mendes achas que Gus Van Sant é o melhor realizador no momento???

1:00 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Não... O realizador do momento (para mim) é o coreano Park Chan-wook.

9:34 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O que para uns é um sublime Nirvana, para outros será uma seca monumental, daquelas que dão vontade de tomar a iniciativa suicida do protagonista. Pensava eu que a Vila era uma seca. A Vila ao pé de Lat Days é um épico de acção. O que me deixa a pensar é que podem fazer o filme que fizerem, que haverá sempre alguém que descortine alguma coisa positiva nele. Lembro-me da escuridão ofensiva de Branca de Neve , escuridão explicada pelo mandar à merda de João César Monteiro ao I.C.A.M. E no entanto algumas pessoas, certamente a sofrerem de um pseudo intelectualismo gritante, viam maravilhas onde uma maioria via e vê um O.E.D.D (objecto estranho dirigido a deficientes). The Last Days não está muito longe desse patamar.

7:49 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Walter, eu próprio afirmo que "Last Days" será reverenciado por poucos. O que é verdadeiramente deplorável é verificar o ócio analítico vigente em algumas pessoas. À excepção de um escasso número de pessoas, é revoltante verificar como alguns não conseguem sustentar o seu desagrado com o filme de forma construtiva.

Não irei descer ao nível de alguns, atacando de forma abjecta contemplações de uma forma de Arte. Existem pessoas que se servem de uma pseudo capacidade de avaliação cinematográfica, para efectuar uma exposição das suas frustrações e recalcamentos existenciais...

É triste... mas vivemos num país que utiliza o escárnio como forma de escalar uns degraus na sua degradante essência...

9:27 da manhã  
Blogger Pedro_Ginja said...

Aí é que está...

Isto não é escárnio sem sentido e por favor não leves isto a peito..

Eu vi filmes dele. Não estou a falar só por falar...

E obviamente respeito a opinião alheia mesmo que muito contrária à minha.
Mas eu acho que a discussão e acima de tudo estes comentários feitos à tua análise só têm um significado...

A tua escrita interpela e faz as pessoas discutirem...
E acho que isso é o objectivo de quem tem um blog de cinema...
Discussão e partilha de opiniões...

Tu já atingiste esse patamar e por isso és o meu blog de referência em termos de cinema...
Continua o bom trabalho e as grandes análises...

Ps: Park Chan-wook. Já vejo que estás no que eu chamo outra dimensão cinematográfica...
Quem é o senhor??Alguns filmes dele para estrear ou estreados à pouco tempo???

2:46 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Pedro, aceito todas as discussões sobre um determinado filme, desde que os intervenientes demonstrem respeito mútuo e sólidas construções da sua argumentação. Agora maldizer e abocanhar trabalhos, até um miúdo de 18meses o faz...

Em relação a Park Chan-wook, este ano saiu "OldBoy" o segundo capítulo de uma trilogia de vinganças deste coreano. Já o apanhas em DVD. E daqui a semanas estava previsto estrear "Three... Extremes", um filme dividido em três segmentos dos quais são responsáveis três mestres asiáticos: Takashi Miike, Fruit Chan e Park Chan-wook.

3:21 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

"Agora maldizer e abocanhar trabalhos, até um miúdo de 18meses o faz..."

Faltar ao respeito? Onde? Por ter referido que The Lat Days estava perto de um objecto estranho para deficientes? Mas agora já não posso exteriorizar o que sinto? É uma ditadura da palavra que queres, Francisco Mendes?

Se tu vês rosas e malmequeres com este filme, todos os outros que para aqui escrevem tem de ver o mesmo que tu ou algo semelhante? Ou escrever de uma forma mais rebuscada para chegar à palavra porcaria ou lixo? É isso?

E não te armes em ilumimado, Franscisco Mendes que não te fica bem. Sê mais humilde. Pelos vistos este filmito de Van Sant tem que ser obra prima à força.

Palavras tuas: "Tal como referi na crítica... conto pelos dedos das mãos o número de pessoas que assimilarão, compreenderão e reverenciarão esta Obra-Prima!"

Por outras palavras, toda a gente que não consdirar este The Lat Days uma obra-prima é porque é de compreeensão lenta. Eu, Francisco Mendes, o iluminado é que sei apreender a Arte na sua forma mais pura.

Mas não existe nenhuma lei que diga que a Arte ou uma suposta obra-prima tem de ser digerida de igual modo por todos que a vejam. O encanto da Arte está precisamente aí, na diversidade de opiniões, no confronto de ideias.

Para ti ao veres isto atingiste o teu Nirvana, eu estive mais perto do vómito e de querer mandar prender todo o pessoal da distribuidora que pôs esta estopada em exibição no nosso país. Que posso fazer? Para ver um drogado a decair e agir como um tronga monga já me basta o mundo lá fora. Não preciso ir ao cinema para ver que a droga mata e que dá cabo do cérebro e do corpo de qualquer um.

12:37 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Iluminado? Eu?!
A única pessoa que enxovalhou as opiniões contrárias foste tu, portanto poupa-me esses pseudo-moralismos e dirige-os à tua pessoa. Não me leste a chamar deficiente, nem outro impropério qualquer a qualquer pessoa. Quando detesto um filme, não ataco outrem, sustento o que digo! Aliás as pessoas que contactam comigo (inclusive no blog) reconhecem a construtividade que aplico nas minhas críticas positivas e negativas. Nunca as maltratei por sorverem um filme de forma divergente da minha, e vice-versa.

O teu comentário ao filme foi de uma barbaridade atroz. Não critico o facto de o detestares, exaspera-me a tua lastimável debilidade em sustentares os teus pontos de vista… atacando de forma simplória e pueril outros. Segundo palavras tuas “Last Days” não se encontra longe de ser um filme O.E.D.D. (objecto estranho dirigido a deficientes). Pois como diz o povo: quem não se sente não é filho de boa gente… e não estou para ficar mudo como a personagem deste filme perante tal ataque.

Se seguisses este blog, saberias que defendo que a Arte expressa-se de uma forma Supra-Pessoal. Cada um terá uma contemplação individual de um objecto artístico. É claro que não sou o dono da palavra, apenas expressei a minha, sustentando o meu ponto de vista. Não me incomoda absolutamente NADA que o filme seja lixo para ti. Se o filme também funciona como soporífero… excelente! É uma brilhante forma para evitares químicos… agradece a Van Sant esta fórmula gratuita e sem efeitos secundários no teu organismo.

Quando disse que o filme é uma Obra-Prima, dirijo-me aos que me acompanham, não procuro rebaixar os que o detestam! Aliás já existiram comentários aqui, e já estive em vários fóruns de discussão do filme, com pessoas que simplesmente abominam a Obra de Van Sant... mas nunca sentiram que os estivesse a desmerecer, ou fui atacado com palavras primitivas. Não esperes de mim passividade, quando sou atacado de forma simplória e desengonçada… não esperes que te ofereça a outra face.

Desejas discutir o filme? Boa! Adoro uma salutar… repito salutar discussão de ideais. Agora se desces a um nível rudimentar apelidando de deficiente outrem… então não contes comigo.

9:24 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Sobre The Last days estamos conversados. Tu tens a tua maneira de escrever e eu tenho a minha. Podes apelida-la como quiseres: politicamente incorrecta, a roçar uma rudeza atroz, um mal educado inveterado, sem papas na língua, etc, etc, etc...

Mas não tenho que fazer qualquer tipo de subserviência para poder agradar-te. Mencionei o termo deficiente porque foi assim que absorvi o filme. Tal como tu vês nele uma Obra-prima... E por sinal és dos poucos... Parabéns para ti e para todos os que como tu vêem Arte nisto.

10:34 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Nunca exigi subserviência a ninguém, apenas respeito, civismo e educação.
Um muito bem haja.

11:04 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Apesar de termos por vezes opiniões diversas, numa coisa tenho que dar a mão à palmatória: o teu blog leva-me a vir cá de vez em quando dar uma espreitadela. Considera isto como um elogio :-)

11:57 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Agradeço-te as visitas. É imensamente gratificante quando acompanham o nosso trabalho.

12:14 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Este filme é absolutamente deslumbrante.Sou um grande admirador do Gus Van Sant e não podia deixar de expressar a minha opinião sobre o filme. Li também algumas críticas que me desagradam muito na sua essência. Encontro muitas pessoas que criticam filmes por serem muito “parados”, como se a qualidade de um filme fosse directamente proporcional à acção que contêm, o que considero de uma injustiça monumental. É como enclausurar uma vertente artística e retirar-lhe a magia de toda a sua diversidade. Eu não compreendo alguém que tem um subgénero cinematográfico preferido e pretende ver um pouco desse género em todos os filmes. Compreendo ainda menos alguém que avalia a qualidade de um filme em função desse parâmetro. Gostava que essas pessoas utilizassem numa abordagem a uma obra de arte expressões como “não gostei”, “não me tocou”, “não me interessa o género”, ou então criticarem-na construtivamente através de argumentos objectivos, em vez de enxovalharem o realizador! Um filme que retrata os últimos dias do Kurt antes de se suicidar não pode incluir tanques de guerra e explosões de carros. Na minha opinião o filme é esplêndido e constitui uma homenagem lindíssima ao lendário kurt Cobain. A sua dimensão espiritual nunca permitirá que o rotulem por “muito parado”. Pelo menos para muitos dos amantes da 7ª arte...
Parabéns Francisco Mendes por este magnífico blog.

8:02 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Não poderia estar mais de acordo contigo.

Muito obrigado pelas palavras de apoio.

8:56 da manhã  
Blogger pollykc said...

Apesar de já terem passados alguns anos desde a última vez que revi este filme, continuo com a mesma opinião. Toda a história e enredo estão bem concebidos, contudo, é inevtável a colagem ao Kurt Cobain.
Um exagero de um homem que mal ergue a cabeça faz-me não conseguir apreciar todas as potencialidades que o filme poderia ter.

9:51 da manhã  
Blogger Mrs. Sofie Angus said...

Faço das palavras de Francisco, as minhas: "Existem cenas que ainda perduram no meu pensamento..."

Perturbador e ao mesmo tempo fantástico...

8:21 da tarde  

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