sexta-feira, abril 14, 2006

Fragrâncias cinematográficas e putrefacções



The New World” de Terrence Malick, estreia em Tóquio no próximo mês e uma companhia nipónica tenciona adicionar sete aromas diferentes à projecção. Ao contrário do excessivo «Smell-O-Vision» introduzido por Mike Todd Jr., que levou críticos a assistirem ao filme “Scent of Mystery” com molas no nariz, a companhia deseja apenas intensificar a experiência com um impacto emocional idêntico ao proporcionado pela música, incluindo subtis odores em determinadas cenas. Uma versão «caseira» de 620 dólares encontra-se em produção, para ser sincronizada em leitores DVD.

Dito isto, aviso que as próximas linhas serão um ligeiro desabafo pessoal. “The New World” tem sido alvo de sucessivos adiamentos no território nacional desde Dezembro de 2005. As manobras de Abril estipularam inicialmente a sua estreia para o dia 6, depois remeteram-no para o dia 20 e agora lançam-no para… Maio!! Isto só pode ser gozo. Infelizmente, este tratamento parece ser global: os «Amantes da Sétima Arte» serão sempre olvidados em prol dos «Espectadores Comuns de Filmes num Ecrã superior ao Televisor lá de Casa».

Tendo em conta estas duas categorias distintas, desafogo apenas mais umas linhas sobre Terrence Malick e a sua obra recente. Nunca pretendo exercer despotismo nas palavras que redigir. Unicamente existem algumas pessoas que se identificam com as linhas que lavro e outras que possuem uma válida perspectiva divergente. Malick é uma figura peculiar na história do Cinema: intervala longos períodos de pausa entre as suas obras e quando as lança, o impacto é Amor ou Ódio… não existe meio-termo, não existem áreas cinzentas analíticas. Como admirador deste fabuloso autor, refastelei-me ao verificar como críticos que enxovalharam “The Thin Red Line” aquando da sua estreia, foram gradualmente modificando a sua opinião, graças ao portentoso cariz edificante dos filmes do mestre «Sparky» na nossa consciência. Quando visionarem “The New World” não confundam Cinema com Literatura, pois a Sétima Arte é muito mais do que uma simples construção de personagens. O Cinema é transcendental e Malick é um Poeta Idílico, alguém que despoleta mecanismos indecifráveis da essência humana, erigindo emocionalmente templos de inocência e refúgio para o sufocante pó quotidiano. E isto, meus caros colegas e amigos… é Arte no seu estado mais Puro.

2 Comments:

Blogger Francisco Mendes said...

Quem aguarda este filme é ludibriado mês após mês. Isto é impressionante...

12:11 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

É para o que está...

Abraço!

1:14 da tarde  

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