quarta-feira, setembro 13, 2006

Se puderes olhar, vê. Se podes ver, repara.



Grande… grande notícia!
Ensaio sobre a cegueira”, do nosso José “Nobel” Saramago será adaptado cinematograficamente pelo brasileiro Fernando Meirelles, autor dos brilhantes “Cidade de Deus” e “The Constant Gardener”. O projecto de língua inglesa será intitulado "Blindness", terá um orçamento de 25 milhões de dólares e será rodado em São Paulo e Toronto. O romance publicado em 1995 conta a história de uma praga de cegueira inexplicável e incurável. À medida que os afectados pela epidemia são colocados em quarentena, em condições desumanas, e os serviços civis começam a falhar, a história segue a mulher de um médico, a única pessoa que não é afectada pela doença que cega todos os outros. O romance mostra-nos o desmoronar completo da sociedade que, por causa da cegueira, perde tudo aquilo que considera como civilização. Ao banir marcas de identificação espácio-temporal, Saramago faz do romance um espelho onde o leitor poderá mirar-se e reflectir sobre o seu papel, enquanto participante activo na construção da história da Humanidade. Existe igualmente uma supressão de identidade associada à cegueira que se espalha. Ao assumir que os nomes são desnecessários no relacionamento das personagens no hospício, fica implícita a trajectória que teremos de seguir, na descoberta (porventura dolorosa) do «eu» e do «outro». “Ensaio sobre a cegueira” é um retrato contundente da condição humana.

17 Comments:

Blogger P.R said...

Simplesmente o meu livro favorito :D:D: desse génio que é Saramago. Se o filme conseguir captar toda a essência do livro teremos uma obra-prima. Mas confesso que o nome do realizador me deixa um pouco com o pé atrás

11:27 da manhã  
Blogger Loot said...

Não li o livro, mas penso que toda a estória sobre a cegueira é no fundo uma grande metáfora ao comunismo, um filme desses a estrear na América era lindo eles que são tão apologistas deste movimento político.
Quanto ao realizador acho que é muito bom, por isso fico à espera ansioso por esta estreia.

11:50 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Pedro: Pois é justamente o nome do realizador que me deixa tremendamente empolgado para esta adaptação. Meirelles é um virtuoso, um poeta cinematográfico cujo estilo guerrilha me fascina nas suas maravilhosas obras, "Cidade de Deus" e "The Constant Gardener" (um dos melhores do ano transacto, que cresceu imenso na minha contemplação ao longo destes meses).

Loot: Essa vertente irónica é outro factor que me deixa a salivar por isto. Apesar do filme ser produzido no Brasil e Canadá.

11:59 da manhã  
Blogger Gonçalo Trindade said...

Hhmm... parece interessante. Esperemos que o realizador consiga fazer um trabalho melhor do que aquele que fez no "The Constant Gardenerer" (um filme extremamente desequilibrado, e que para mim foi uma pequena desilusão).

Talvez ele faça um melhor trabalho, com este filme.

12:59 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Discordo. Considero "The Constant Gardener" é um filme bem coeso que emana uma poesia inebriante.

1:13 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Também discordo do Gonçalo.

O Constant Gardener é um filme que respira nos silêncios, que nos arrebata nos torvelinhos dos enganos, que nos leva numa voragem avassaladora pelo mais negro e recôndito da alma humana, e também nos eleva ao mais nobre na mesma alma. Terminamos a viagem vertiginosa reencontrando a redenção, ou uma forma de aceitação/abnegação nos momentos, belíssimos, finais!

1:25 da tarde  
Blogger brain-mixer said...

Obrigado pela sinopse ;)
Tinha lido a notícia primeiro noutro blog mas não fazia a mínima ideia do que se tratava a história do livro (Saramago não fica para os meus lados :P).
Mas pelo que li, pretende-se um filme com dramatismo, coisa que Meireles parece estar à altura ;)

1:49 da tarde  
Blogger Gonçalo Trindade said...

"The Constant Gardener" de poesia não tem nada. Fernando Meirelles filma este thriller como se fosse um drama. O resultado é um filme desequilibrado que oscila constantemente entre estes dois géneros, criando uma história desinteressante sobre farmacêuticas sem escrúpulos que ao mesmo tenpo que dar uma lição moral sobre o estado em que se encontram os páíses africanos actualmente. Na realidade, Meirelles tenta transformar essas farmacêuticas, os vilões do filme, em metáforas que representam as empresas que se aproveitam de África hoje em dia... mas não resulta...

A relação entre Ralph Fiennes e Rachel Weisz não é desenvolvido o suficiente. Na realidade, o filme não tem propriamente personagens, apenas representações de certos ideais (o melhor exemplo disso é Rachel Weisz). O que demonstra que Meirelles tenta criar um filme sobre os problemas que existem nos países africanos hoje em dia, e ao mesmo tempo fazer um thriller interessante (talvez se ele soubesse como filmar um thriller...).

Fernando Meirelles devia ter filmado este thriller como um thriller. Ou então, assumia o filme como um drama, punha a história do thriller de lado, e concentrava-se mais em fazer flashbacks de personagens (como ele gosta de flashbacks...), em desenvolver a relação entre Fiennes e Weisz, e em mostrar o estado em que África se encontra hoje em dia.

Mas tentar fazer um thriller que conte uma história interessante e ao mesmo tempo tentar transformar isso num drama sobre o quanto malvadas são as empresas farmacêuticas... não resultou. Porque Meirelles parece não saber como construir um thriller. E a história deste filme é a de um thriller. Mas Meirelles apenas sabe como filmar dramas, aparentemente.

Mas enfim... gostos.

2:48 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Thanatos: Sem dúvida. Sob a trepidação da câmara que reflecte os desequilíbrios da personagem de Fiennes, pulsa uma vibrante sensibilidade poética. Aquele final mudo é uma prova assombrosa dessa refinada qualidade de Meirelles.

Edgar: Um filme que entra directamente para a prateleira dos mais aguardados.

Gonçalo: Aceito e compreendo perfeitamente gostos e predilecções, mas ler «..."The Constant Gardener" de poesia não tem nada...» deixa-me perplexo. Isso é um dado que não se encontra apenas adquirido... é majestoso!

4:16 da tarde  
Blogger Hugo said...

Isto sim parece-me altamente interessante. Ou não estive~ssemos a falar de um grande romance e de um realizador muito, mas muito interessante.

5:46 da tarde  
Blogger RPM said...

oláaaaaaa...

que bom! mais uma obra deste nobelizado português...antes foi o Memorial do Convento em ópera por, se não estou em erro por Philip Glass...

agora uma obra em cinema....o Senhor Saramago vai longe! e ainda dizem que saramago é uma erva daninha...

um forte abraço

RPM

6:07 da tarde  
Blogger sem-comentarios said...

Essa agora surpreendeu-me bastante !

Espero que o filme seja tão bom, como o livro :)

7:08 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Hugo Alves: Fico expectante para verificar o próximo passo de Meirelles.

Rui: "Memorial do Convento" serviu de base para uma ópera de Azio Corghi, chamada "Blimunda".

Forte Abraço, amigo Rui!

Sem Comentários: Espero igualmente que haja uma adaptação genuína, com uma clara distinção dos elementos cinematográficos e literários. Cinema é uma Arte com vibrações distintas da Literatura, apesar de algumas linhas convergentes. Também espero que as pessoas não entrem na sala de Cinema à espera de um audiobook com imagens em pano de fundo. Se desejarem isso, vejam o execrável "The Da Vinci Code". :)

7:18 da tarde  
Blogger José Miguel said...

Apesar de tudo Meirelles surpreendeu-me bastante no Cidade de Deus, até pelo efeito surpresa.

No Fiel Jardineiro, penso que a obra de John Le Carré já é muito boa por si só, julgo eu que não esteve totalmente bem na transposição para cinema ao nível da interpretação. Adorei a Rachel Weisz, já o resto do elenco, dá-me ideia que não foram muito originais...

Mas estou na mesma expectante para este novo filme!

Cumprimentos.

10:38 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

180min: Sem dúvida.

José Miguel: Quanto a mim, o Fiennes esteve igualmente soberbo.

Cumprimentos.

9:50 da manhã  
Blogger Gonçalo Trindade said...

Consigo perceber como há pessoas que considerem o filme poético, mas para mim... no filme não vi poesia nenhuma. O filme simplesmente não resultou, comigo.

Enfim... cada filme é uma experiência pessoal. São gostos, obviamente. Gostava de ter gostado do filme, mas infelizmente para mim foi uma pequena desilusão.

11:56 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Gostos...

12:18 da tarde  

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