segunda-feira, março 12, 2007

Tsai Ming-liang censurado




Tsai Ming-liang, o mestre do minimalismo absurdo, o cineasta malaio mais celebrado internacionalmente, continua a ser ignorado na sua terra natal. Após duas décadas a filmar em Taiwan, regressou à Malásia para filmar “I Don't Want To Sleep Alone” em Kuala Lumpur. Contudo, no mês transacto, Tsai recebeu uma missiva da censura malaia informando-o que sua película havia sido banida, porque retrata negativamente o país. Sua companhia recorreu imediatamente da decisão tomada e poucos dias depois o comité de censura aceitou a projecção do filme… com um par de condições: lançamento limitado e cinco cortes no produto final. Tsai continua sem perceber como uma história de amor e compaixão é observada como algo negativo e pondera seriamente em aceder às imposições do comité.

O filme, esse decorre numa Kuala Lumpur onde imigrantes chineses e indianos convivem sem partilhar o mesmo dialecto. Depois de ser agredido e roubado, Hsiao-kang, um sem-abrigo chinês é resgatado por alguns trabalhadores do Bangladesh. Um deles, Rawang, deixa-o dormir ao seu lado num velho colchão, que havia encontrado na rua. Mais tarde, quando Chyi, empregada de um pequeno restaurante, encontra Hsiao-kang, é tomada por um voluptuoso desejo. À medida que Hsiao-kang recupera totalmente, fica dividido entre Rawang e Chyi. Enquanto isso, um pesado nevoeiro cai sobre a cidade, deixando-a tão húmida quanto o suor daquela população de múltiplas etnias.

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Também me "passa ao lado", aliás, qualquer tipo de censura me deixa acima de tudo preocupado. Como é que alguém se pode achar detentor de tão correctos padrões? Ao ponto de decidir o que é ou não "digno" ser visto. Enfim...

Cumps.

7:20 da tarde  
Blogger Aladdin Sane said...

Pasmos Filtrados é um dos blogues nomeados na categoria de melhor blogue portugùês de cinema no FamaFest.

Parabéns!

2:40 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Nelson: Se estivesse no lugar de Tsai, não acedia às imposições.

Cumprimentos.

Mao Morto: Obrigado, contudo não é com o objectivo de colher nomeações ou prémios que cultivo este recanto. Para mim, os blogs que recebem dedicação ao longo de inúmeros posts têm todos a sua particularidade inebriante e encontram-se em pé de igualdade com os demais.

8:37 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Depois daquele delirio que é o Wayward Cloud com melâncias e posições pouco ortodoxas (aquela mitica cena final!) será dificil, à partida, fazer coisas "mais censuráveis" :))
Um dos filmes mais aguardados para este ano!

9:48 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Do que me foste lembrar… :)
Mas sabes, aquelas memoráveis cenas finais, mais do que uma transgressão surrealmente erótica, representam para mim uma expressão de amor que se insere perfeitamente no contexto de Tsai, representam uma reformulação de elementos apresentados ao longo do filme num extravagante momento de conexão.

10:38 da manhã  

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