sábado, junho 30, 2007

Ficção Científica dos Sonhos



Paprika” representa mais um fascinante tratado visual de Satoshi Kon sobre as conexões entre a Memória e a Identidade. Ambientado num futuro próximo, Kon apresenta-nos uma máquina de psicoterapia experimental que permite interferir nos sonhos e sanar problemas psíquicos, substituindo o relato oral pela intervenção directa do psicanalista. Quando a máquina é roubada por «terroristas de sonhos», uma perseguição frenética é despoletada, pois o que está em risco é a própria realidade. Num universo onde as regras se tornam voláteis, a linha que separa o real do onírico torna-se praticamente imperceptível. E é neste território recorrente que Satoshi Kon volta a desafiar a sua audiência. Ele é um batedor do subconsciente, das respectivas urgências e ânsias que regem por vezes o nosso quotidiano. Como animador, Kon compila os traços da vida real mais atentamente que muitos realizadores. Cada movimento, cada pedaço de lixo, cada agitação no vento, cada pestanejar é condensado sob elevada pressão, mas com uma fluidez perfeitamente adequada para deambular através de sonhos, tempo, fantasia e níveis da consciência. As permutas entre realidade e fantasia são fantasmagoricamente sublimes, reguladas pelas ilógicas peculiaridades que convertem abruptamente sonhos em pesadelos. Serão os sonhos fotografias do inconsciente que reflectem visões do que o espírito deseja? Existem inúmeras teorias sobre os maquinismos psicológicos e sobre as reacções sensoriais, mas a essência da nossa Humanidade permanece bem oculta no nosso âmago. É um território sagrado, o derradeiro refúgio que a ciência ainda não conseguiu enclausurar numa base de dados. Satoshi Kon desafia explorações na sua plateia, incita-a a testar novos conceitos, a esquadrinhar e reflectir sobre os territórios palpáveis e quiméricos que moldam a sua aura. Apesar do frenesim que se apodera da maioria dos momentos, “Paprika” não deixa de verter uma lágrima de nostalgia e remorso. Porque numa sociedade contemporânea que avança com descobertas tecnológicas que brotam como cogumelos, fica melancolicamente claro que se deixou algo enterrado para trás.

sexta-feira, junho 29, 2007

O meu actor de eleição


Daniel Day-Lewis em “My Left Foot


Finalmente, consegui visionar “My Left Foot” de Jim Sheridan, o único filme que me faltava ver de Daniel Day-Lewis. Existe um extenso rol de representantes da Arte Interpretativa que me fascinam e bem sei que a minha escolha se distancia das selecções da praxe, mas as composições deste actor comovem-me de forma absolutamente ímpar. Fico perplexo com a sua capacidade de transfiguração, com a aproximação cerebral e emotiva, com o seu raio de intensidade, com a rendição a uma psicologia distinta da sua, com a excelência das pronúncias, com os tiques etários, com o mimetismo facial, com a tensão de um olhar irrepetível que baila emoções, com as lágrimas desoladas de um baque penoso, com o sorriso espirituoso que afaga conflitos internos, com o ritmo do silêncio. Daniel Day-Lewis envolve-se nos papéis de forma assustadora, mergulhando tão profundamente nas personagens que as equipas de filmagem chegam a duvidar do seu regresso à “normalidade”. As histórias que mencionam as suas completas imersões são inúmeras e lendárias, desde a insistência em permanecer numa cadeira de rodas entre os takes de “My Left Foot”, a solicitar ser alimentado na boca durante o intervalo das refeições do filme que lhe valeu um Oscar. Neste filme, Day-Lewis interpreta Christy Brown, um génio que nasceu aprisionado num corpo horrivelmente limitado pela paralisia cerebral. O seu famoso pé esquerdo era a única parte do corpo que conseguia controlar. É com ele que salva a sua mãe, pinta, escreve, tropeça um oponente numa briga e tenta cometer suicídio. A interpretação de Daniel Day-Lewis é simplesmente assombrosa e duvido que alguém a consiga esquecer, depois de contemplar os constrangimentos de um corpo contorcido e o poder debilitado da sua fala. Ele não ilumina personagens. Ele dá-lhes vida. Ele imortaliza-as. Algo que sobressai na pós-reflexão das abordagens exaustivamente emocionais que leva a cabo é a subtil e metódica criação de um número suficiente de vazios, para que o espectador os possa preencher com a sua própria criatividade ficcional. No fundo, trata-se do derradeiro lampejo de lucidez artística. Aquele que assegura a imortalidade de uma personagem e de um filme, entregando a obra ao espectador vigilante.



P.S.: Convém sempre relembrar que Daniel Day-Lewis voltará em breve ao Grande Ecrã, no muito aguardado filme de Paul Thomas Anderson, “There Will Be Blood”.

quinta-feira, junho 28, 2007

Gargalhada matinal



Nada como despertar para um novo dia de trabalho com boa disposição, cortesia de Michel Gondry, Jack Black e Mos Def. O novo filme de Gondry, “Be Kind, Rewind”, segue Jerry, um operário cujo cérebro fica magnetizado ao tentar sabotar uma central eléctrica. Um dos acidentes que provocará subsequentemente será a destruição dos filmes presentes no videoclube do seu melhor amigo. Acossado pelo sentimento de culpa, Jerry decide encenar todos os filmes arruinados para manter a única cliente da loja. Na recente imagem divulgada, podemos espreitar a recriação de “Driving Miss Daisy”.
Hilariante!

quarta-feira, junho 27, 2007

Afinal de contas...



… para quando estão a pensar lançar isto nas salas portuguesas?

terça-feira, junho 26, 2007

Primeira imagem de...



... “Where the Wild Things Are”. Este será o próximo filme de Spike Jonze, o prodigioso autor de “Being John Malkovich” e “Adaptation.”. “Where the Wild Things Are” será a adaptação cinematográfica do clássico infantil de Maurice Sendak. A temática envolve emoções obscuras e invulgares na literatura infantil, nomeadamente no formato ilustrado. O argumento é assente nas consequências do comportamento endiabrado de um menino, utilizando o elemento fantástico. Certa noite, Max veste o seu fato de lobo e comete diversas travessuras (desde perseguir o cão empunhando um garfo). Após um raspanete de sua mãe que o apelida de «coisa selvagem» (Wild Thing), o petiz responde-lhe indecorosamente e ela envia-o para o quarto sem direito a jantar. Aí, Max dá azo à sua imaginação e converte o seu quarto num extraordinário cenário: um mundo povoado por criaturas selvagens que o coroam como seu rei.

O seu lançamento nos Estados Unidos está programado para 3 de Outubro de 2008. Para visionarem a imagem no seu formato original, cliquem aqui.

segunda-feira, junho 25, 2007

Momento Zen

sábado, junho 23, 2007

"Zodiac", de David Fincher

Class.:



Obsessão erosiva

A filmografia de David Fincher chispa uma obsessão pela justificação da existência do Mal. São histórias cínicas sobre o cinismo do mundo, contadas cinicamente através de sofisticadas ligações criativas e gostos experimentais que retratam de forma negra a experiência humana. Cinematografando a árvore genealógica do medo, seus protagonistas comprimem-se nos obscuros bosques existenciais de um mundo absurdo e brutal. Tal ferocidade ressalta perdas (físicas e emocionais) e inseguranças da população, instigando (através da sua Arte) reflexões no progressivo extravio da nossa Humanidade.

Zodiac” encarcera as ansiedades e contradições de uma era, cogitando nas sequelas pessoais e culturais de crimes reais. O assassino do Zodíaco surgiu nos finais da década de 60, servindo-se da imprensa para espalhar um clima de terror, forçando os jornais na publicação dos seus puzzles enigmáticos. A imprensa cedeu aos seus propósitos e subitamente uma espécie de histeria Sudoku despoletou. Lentamente, com a renovação de ameaças e crimes desconexos, este assassino tomou autenticamente um Estado como refém. Fincher foca-se nas vítimas colaterais e no esvaecer destes crimes hediondos na consciência pública. Enquanto “Se7en” pulsava a urgência da captura do criminoso, “Zodiac” esfria lentamente essa premência num monumento de irresolução, emaranhando-nos no trilho incoerente que deixou este caso por resolver.



Neste exercício cerebral de multiplicidade e nuances estilísticas, impera uma disciplina circunspecta que nunca eleva a voz narrativa, pois necessita de se fazer ouvido de forma clara e cuidada. Flutuam noções de obsessão, miopia profissional e institucional, evidências descuradas e o tipo de balbúrdia que acarreta teorias da conspiração. A exposição de “Zodiac” é vividamente assente na tradicional narrativa de três actos, mas subverte a trajectória convencional da mesma. O primeiro segmento esquadrinha a manipulação dos media, o segundo acto delineia os limites dos procedimentos da força policial. Quando chegamos ao terceiro sector do filme (o drama de Graysmith), o volume de informação atingiu píncaros de exaustão, numa manobra virtuosa que nos subjuga nas camadas de dados que assolam a personagem interpretada por Jake Gyllenhaal.

O argumento de James Vanderbilt possui uma coerência excepcional apesar da complexidade e pluralidade de eventos e figuras. O arco narrativo é pronunciadamente largo, mas a sustentação dos ritmos dramáticos assegurados por uma realização confidente e por um elenco idóneo garantem uma experiência magnética. Deslizando graciosamente pela claustrofobia dos corredores da obsessão, a fotografia de Harris Savides encontra-se imbuída na atmosfera crepuscular que vaticina o precipício que aguarda os intervenientes da história. Cada plano providencia a densidade textural que o bom digital pode proporcionar, pois o objectivo de Fincher não é escavar a intimidade de suas personagens, mas observar suas digressões funcionais quando sorvidas pelas ocorrências macabras. E apelidá-lo de insensível ou desumano é ignorar o Quadro Geral, pois “Zodiac” não é apenas um Retrato, mas principalmente um Panorama. “Zodiac” revela-se uma analogia ao mundo pós-11 de Setembro, onde o inimigo é específico, mas a sua auto-projecção confere-lhe uma omnipresença mediática que dificulta a sua apreensão. É uma parábola à Idade da Informação, onde assassinos usufruem dos media, disseminando pelos canais informativos a dimensão pestilencial dos seus crimes, gerando um mito.
Seremos todos permissíveis? Ou será que o processo de perda da nossa Humanidade já se encontra numa trajectória irreversível?

sexta-feira, junho 22, 2007

Degustando "Sideways"



Por cada revisionamento de “Sideways” destilo um amor gradualmente inebriante. E não se trata apenas da minha faceta de enófilo a pender a balança das predilecções. “Sideways” comporta-se como um bom vinho no estágio em garrafa, evoluindo, refinando e desabrochando todo um bouquet de aromas aprazíveis. Não será esta metáfora, divinamente ajustada à Vida? Se aguardarmos demasiado tempo para abrir a garrafa, o referido bouquet poderá perecer, tornando o sabor desagradavelmente avinagrado.

quinta-feira, junho 21, 2007

Novidades sobre Woody Allen



Sinceramente, espero que a falta de inspiração manifestada em “Scoop” seja coisa passageira para os lados de Woody Allen. Mas infelizmente, parece que esta recente quebra de inspiração também já afecta posters, como este cartaz para o seu próximo “Cassandra’s Dream”, que irá ser estreado no Festival de Veneza.
Entretanto, Woody confirmou o título do seu projecto espanhol que conta com Scarlett Johansson, Penélope Cruz e Javier Bardem. “Midnight in Barcelona” foi o primeiro título cogitado pelo cineasta, mas segundo confissões ao The Guardian, é bem possível que o modifique mais tarde.

quarta-feira, junho 20, 2007

Mashup #11



E se os Goonies enfrentassem os Piratas das Caraíbas?...
Cliquem na imagem acima exposta.

terça-feira, junho 19, 2007

Rudo y Cursi



Como foi tornado público, Alejandro González Iñárritu, Guillermo del Toro e Alfonso Cuarón ergueram uma produtora (Cha Cha Cha). Dispostos a criarem impacto logo no primeiro projecto da companhia, o trio assumirá a produção do filme "Rudo y Cursi". O filme será escrito e realizado por Carlos Cuarón, irmão de Alfonso que participou no argumento do excelente “Y tu mamá también”. A película marcará o reencontro de Carlos com os actores Gael García Bernal e Diego Luna, que interpretarão dois irmãos futebolistas com personalidades radicalmente opostas. O filme já se encontra em produção e o ano do seu lançamento será 2008.

segunda-feira, junho 18, 2007

"Wall-E" – teaser trailer



Num futuro onde os humanos moram numa nave espacial em órbita do planeta, apenas robots habitam a Terra, programados para a limpeza do lixo que cobre a superfície terrestre. Contudo, o programa de limpeza falha, deixando como único sobrevivente o pequeno Wall-E. Abandonado à solidão de um território inóspito, Wall-E acaba por se apaixonar por Eve, um robot que desce à Terra para averiguar os progressos da limpeza.
Para assistirem ao teaser do filme que a Pixar irá lançar em 2008, cliquem na imagem acima exposta.

sábado, junho 16, 2007

Los Olvidados



Sempre que recordo e revejo este filme de Luís Buñuel, minha alma estremece. Na minha humilde opinião, trata-se do melhor filme protagonizado por crianças, contudo, o cineasta não lamenta o sofrimento dos seus anti-heróis. Não existe uma posição de sensibilidade e sentimentalismo nobre, cultivada por filmes de mensagens liberais. A obra emana uma agressividade feroz que se impregna eternamente na memória. Por momentos pode transparecer ternura, mas sua beleza é fria e cortante como a lâmina andaluz que Buñuel utiliza noutra metragem para nos arrepiar. Apesar de ter mais de meio século, o filme mantém a sua relevância, abalando a consciência social no retrato de esgotos urbanos que brotam dramas fétidos. Este lancinante estudo da delinquência juvenil mexicana funciona como revelação intemporal e universal, com bravura suficiente para nos apontar cumplicidade e responsabilidades. É uma observação neo-realista de imagética inquietante, que nos suga pela sua beleza lânguida, amotinando percepções que o Homem deseja olvidar nos covis obscuros da sua metrópoles. As características pinceladas surrealistas de Buñuel surgem para alargar o conceito temático na hipnótica sequência do sonho que expõe as inseguranças do pequeno Pedro, abandonado pela sua própria mãe. “Los Olvidados” é uma Obra-Prima contundente que enleia doenças individuais e sociais num laço complicado de desatar. A certa altura, o pequeno Pedro olha para a câmara (para nós) e, enfurecido, arremessa um ovo contra a mesma (contra nós). Existirão poucos momentos de tamanha causticidade na História do Cinema. Repito: decorrido mais de meio século, este filme ainda sobressalta veementemente o cidadão escrupuloso. O pequeno Pedro tentava dizer-nos que Olhar não basta. Um Olhar nada resolve. Para espectadores passivos o pequeno Pedro deseja a cegueira. Sujeitos esses, que ignoraram a sua existência. Sujeitos esses, que ignoram a profundidade do abismo no qual a Humanidade poderá ver tombar seu Futuro (suas crianças). E que dizer da cena final que me escuso a revelar neste texto?
Aquele final paralisa-me…

sexta-feira, junho 15, 2007

"No Country for Old Men" – trailer



Após o lançamento de alguns clips aquando da sua estadia no Festival de Cannes, o novo e elogiado filme dos irmãos Coen (Joel e Ethan) acaba de divulgar o seu trailer. A história segue um rasto de violência, originado quando um jovem veterano do Vietnam se apossa de uma mala com dinheiro de um negócio de droga, provocando uma autêntica caça ao homem. Ainda não existe data de estreia para o nosso país, mas para acederem a uma amostra tensa da obra em questão, cliquem na imagem.

quinta-feira, junho 14, 2007

Dark. Darker. Darko.




[...]
All around me are familiar faces
Worn out places, worn out faces
Bright and early for the daily races
Going nowhere, going nowhere
Their tears are filling up their glasses
No expression, no expression
Hide my head I want to drown my sorrow
No tomorrow, no tomorrow

And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I'm dying
Are the best I've ever had

[...]

quarta-feira, junho 13, 2007

O próximo de Gus Van Sant



Recém-saído de Cannes com uma boa recepção ao seu “Paranoid Park”, Gus Van Sant já prepara o seu próximo projecto: a adaptação do romance clássico de Tom Wolfe, “The Electric Kool-Aid Acid Test”. A obra narra a saga verídica que o escritor Ken Kesey empreendeu na metade dos anos 60 com uma banda chamada Merry Pranksters, pelas estradas dos Estados Unidos, promovendo o LSD como instrumento para abrir as portas da mente. Utilizando ironia típica, a vaga psicadélica, a rebeldia hippie e o idealismo da revolução cultural, Wolfe gerou um retrato aprofundado da contra-cultura americana. Como curiosidade, resta acrescentar que Gus Van Sant sempre foi um fã de Kesey, a quem ofereceu um pequeno papel em “Even Cowgirls Get the Blues”. Aliás, o seu hipnótico “Gerry” (filme de culto por estas bandas) foi dedicado ao espírito do autor de “One Flew Over the Cuckoo's Nest”, romance que originou o famigerado filme de Milos Forman.

terça-feira, junho 12, 2007

Curiosidade de pacote de cereais



O candeeiro presente no logotipo da Pixar chama-se Luxo Jr. Este nome intitulou o primeiro filme produzido pela Pixar, uma curta-metragem que exibia a peculiar personagem e seu pai, Luxo. Desde então, a personagem tem recebido vários cameos, mas aquele que mais aprecio marca presença em “Toy Story 2”, quando os bonecos fazem zapping para encontrar um reclame televisivo. Um dos canais exibe Luxo Jr e os bonecos param momentaneamente, olhando uns para os outros.

segunda-feira, junho 11, 2007

Está quase a chegar a casa!



Como as salas de Cinema nacionais ignoraram, ignoram e ignorarão este filme (que barbaridade!), nada como recorrer ao DVD que acaba de ser lançado.

quarta-feira, junho 06, 2007

Revisitando "Tropical Malady"



«Concedo-te meu Espírito, meu Corpo e minhas Memórias. Cada gota do meu sangue entoa uma melodia. Uma música de Felicidade. Consegues escutá-la?»


Em “Blissfully Yours”, a selva era uma das principais personagens do extraordinário cineasta Apichatpong Weerasethakul. Com “Tropical Malady”, molda novamente um universo assombroso onde a flora emana vibrações mágicas, mas desta feita, a selva é mais reflexiva, reagindo à mente da personagem principal: um homem enamorado, vinculado a outro homem que poderá ser real ou ilusório. Os ritmos do vocabulário cinematográfico de Joe (como prefere ser chamado no Ocidente) desafiam o alcance perceptivo da audiência, expressando poeticamente a qualidade transformadora do Amor, numa intensidade que outro meio não conseguiria alcançar. Nas cenas nocturnas, força-nos a VER no escuro, a esquadrinhar individualmente as imagens que revolvem a nossa mente. As seduções pictóricas geram imagens geminadas de Universos antagónicos, de Homem e Animal, Escuridão e Luz, Amor e Loucura, Realidade e Sonho. É justamente a mutação de quotidiano para mítico que carbura o filme, dilatando os sentidos na absorção desta obra profunda. Uns consideram Weerasethakul mágico. Outros consideram-no hipnotizador. Pessoalmente, coloco-me ao lado dos que o consideram um dos maiores poetas audiovisuais do nosso tempo.

terça-feira, junho 05, 2007

"I’m Not There" – poster


Adoro cartazes de Cinema! Como tal, não poderia deixar de assinalar a divulgação do poster para “I’m Not There”, filme de Todd Haynes que propõe uma abordagem pelas ruminações existenciais de Bob Dylan, enquanto diversas personagens representam um aspecto particular da vida e trabalho do músico. Curiosamente, o cartaz faz referência ao seu videoclip, “Subterranean Homesick Blues”. Do elenco fazem parte Christian Bale, Heath Legder, Richard Gere, Cate Blanchett, Ben Whishaw, Marcus Carl Franklin, Michelle Williams, Julianne Moore e Charlotte Gainsbourg. O filme, aprovado por Dylan, estreia nos Estados Unidos a 21 de Setembro.

segunda-feira, junho 04, 2007

"Be Kind, Rewind" – primeira imagem



Nunca é demais recordar o próximo filme de Michel Gondry. Depois de várias fotos nos bastidores, a produção divulgou a primeira imagem oficial de "Be Kind, Rewind". A foto (cliquem na imagem) evidencia Jack Black e Mos Def embrulhados em papel de alumínio, provavelmente encenando “Ghost Busters”. No filme, Black representa Jerry, um operário cujo cérebro fica magnetizado ao tentar sabotar uma central eléctrica. Um dos acidentes que provocará subsequentemente será a destruição dos filmes presentes no videoclube do seu melhor amigo. Acossado pelo sentimento de culpa, Jerry decide encenar todos os filmes arruinados (“Ghost Busters”, “Robocop”, “Back to the Future”, “Driving Miss Daisy”, etc…), para manter a única cliente da loja. A criatividade indomável do cineasta francês, a impulsividade cómica de Black, a preciosidade estrambólica da premissa e a perfeição do título, evocando a célebre etiqueta que acompanhava as cassetes VHS (Favor rebobinar), colocam este filme na prateleira dos mais aguardados deste recanto.

sábado, junho 02, 2007

Chapéus-coco de 1971


Clockwork Orange”, de Stanley Kubrick



McCabe & Mrs. Miller”, de Robert Altman


E como variantes do formato original:



THX 1138”, de George Lucas



The Last Picture Show”, de Peter Bogdanovich



Morte a Venezia”, de Luchino Visconti

sexta-feira, junho 01, 2007

“Wall-E” – modelo



Enquanto aguardo impacientemente pela estreia de “Ratatouille”, o próximo projecto da Pixar também já tratou de seduzir a minha atenção. Encontra-se na Disneyland um modelo de Wall-E, personagem que intitula a nona longa-metragem dos magos da Animação contemporânea. A história de “Wall-E” decorrerá num futuro onde os humanos moram numa nave espacial em órbita do planeta e apenas robots habitam a Terra, programados para a limpeza do lixo que cobre a superfície terrestre. Contudo, o programa de limpeza falha, deixando como único sobrevivente o pequeno Wall-E. Abandonado à solidão de um território inóspito, Wall-E acaba por se apaixonar por Eve, um robot que desce à Terra para averiguar os progressos da limpeza.
Andrew Stanton (“Finding Nemo”) será o realizador e a estreia encontra-se agendada para 27 de Junho de 2008.

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