sábado, outubro 13, 2007

I'm a Cyborg, but That's OK



Para muitos, o manicómio não passa de um caixote do lixo da sociedade que serve para remover as frutas podres do pomar humano, deixando-as apodrecer bem longe, como se de criminosos se tratassem. O novo filme de Park Chan-wook também será desprezado por muitos, mas pessoalmente… abraço-o com inexaurível estima! Estilhaçando noções estereotipadas, Park oferta uma peculiar história de Amor entre uma rapariga que julga ser um cyborg e um rapaz que acredita poder roubar habilidades e sentimentos de outras pessoas. Neste filme, Park continua a escrutinar a natureza humana, mas o fio condutor da sua filmografia é o caminho para a Salvação. Apresentando-nos personagens que aparentam insanidade, mas que se encontram firmadas num apurado sentido de Identidade, não estará o autor sugerindo que o reconhecimento identitário se afigura como um dos caminhos para a Salvação? Ao penetrar no mundo de fantasia destes pacientes, Park foca-se na conexão das suas crenças, abrindo as portas das suas próprias realidades para que sintamos o desabrochar de um Amor que assenta na compreensão da personalidade do ente amado. Os dois protagonistas compreendem o universo do próximo, demonstram consideração pelo mesmo e entram no reino do respectivo. Este é o poder miraculoso do Amor. Todos possuímos um mundo interior que poucos conseguem sequer imaginar e quando surge alguém com as chaves desse refúgio, ficamos vulneráveis perante uma deflagração de sentimentos inebriantes. O Amor está na poesia que embala o coração, aconchegando-o na sensibilidade da esperança. Viver um Amor significa estabelecer uma cumplicidade mútua baseada na capacidade de doar incondicionalmente e vivenciar a diversidade na unidade. O ambiente deste filme é de difícil assimilação para alguns, mas no seio desta atmosfera extravagante, Park Chan-wook imprime uma mensagem deveras Humana. A comunicação é o elemento chave para a compatibilidade. Tal como demonstra no emblemático final, o propósito da nossa existência encontra-se muitas vezes ao nosso lado. Mais do que olharmos nos olhos do outro, Amar é olharmos juntos na mesma direcção.

12 Comments:

Anonymous Anónimo said...

deixou-me muito curiosa mesmo! parece ser fantástico. e q dizer desse cartaz?...lindo.

7:28 da tarde  
Blogger Gonçalo Trindade said...

Sendo eu um enorme admirador do cinema de Park (a sua Revenge Trilogy são três obras-primas como raramente se vêm no cinema...), estou com um enorme desejo de ver este filme. Parece ser extremamente diferente dos filmes anteriores do realizador... apesar de os seus filmes serem, de uma forma ou de outra, sobre esse sentimento que é o Amor (ou pelo menos a sua trilogia, já que ainda não vi JSA). Tenho mesmo de comprar o DVD disto, já que, infelizmente, parece que por cá não vai ser lançado numa sala de cinema... uma enorme pena.

3:34 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

que texto sentido :)
gostava de vê-lo em cinema mas parece que os cinéfilos portugueses interessados terão mesmo de recorrer ao dvd... não está previsto estrear, pois não?

10:09 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Infelizmente não me seduziu. Muito bom em termos técnicos (como é hábito) mas com um argumento inconsistente e demasiado rebuscado para o meu gosto. Um trabalho razoável mas longe do brilhantismo iniciado com o JSA!

Excelente texto como sempre!

Abraço!

1:24 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Me apaixonei pelo filme primeiramente pelo cartaz, depois pelo nome, agora me apaixonei novamente pela trama. Como sempre as melhores historias são as mais simples histórias de amor. Só espero que o filme chegue por aqui em terras brasilianas.

2:46 da manhã  
Blogger Francisco Mendes said...

Curse: O poster é literalmente arrebatador.

Gonçalo: É um filme que difere um pouco do seu registo habitual, mas os temas predilectos não deixam de marcar presença.

Helena: Não existe qualquer data prevista, daí ter recorrido à importação do DVD. É a triste sina do cinéfilo português.

tf10: Curiosamente, o argumento seduziu-me bastante. Mas lá está... é tudo uma questão de sensibilidades e principalmente... momentos.

Abraço!

Outlaw_n: Contudo, não é um filme de fácil digestão. A extravagância de Park e a singularidade de suas abordagens pode gerar entraves (compreensíveis) à contemplação de alguns. Mas pessoalmente... adorei.

8:52 da manhã  
Blogger C. said...

Já tenho o filme há cerca de um mês (em DVD) mas ainda não o consegui ver. Quando o fizer, I'll let you know ;)

10:37 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Espero que gostes.

10:01 da manhã  
Blogger Cataclismo Cerebral said...

Estou bastante curioso. Tenho de investigar o DVD...

5:33 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Faço votos para que seja do teu agrado, pois muitos saíram frustrados e desiludidos.

8:42 da manhã  
Blogger Cu de Barbas said...

Provavelmente a melhor descriçao do Amor q já li...babando até conseguir ver o filme.

1:16 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

É um daqueles exemplares que primeiro se estranham e depois se entranham. Pessoalmente... foi conquista à primeira vista.

4:11 da tarde  

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